EU VI A CRUZ! Era de cartolina amarela. Media cerca de dez por sete centímetros. Na parte superior estava o texto de Apocalipse 2.10: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. Em baixo, um pequeno cordão. Era um marcador de livros, à venda em uma livraria evangélica. Custava R$ 2,00.
EU VI A CRUZ! Era de pedra sabão, muito bonita. Bem trabalhada, media uns vinte e cinto centímetros por quinze. Tinha uma base, também de pedra sabão, que lhe permitia ficar de pé. Estava numa feira de artesanato. Custava R$ 25,00.
EU VI A CRUZ! Era de ouro puro, dezoito quilates. Media uns cinco centímetros por três. Repousava sobre um fundo de veludo vermelho escuro e uma lâmpada brilhava sobre ela, ressaltando-a. Acompanhava-a uma correntinha para pendurá-la ao pescoço. Foi numa joalheria. Custava R$ 2.500,00
EU VI A CRUZ! Na entrada de Brasília, antes do Memorial JK. Está enegrecida. Ao seu pé, tocos de vela, que as pessoas acendem. É um artefato composto de dois pedaços de madeira. Ali se realizou a primeira missa na capital federal. Mas na noite anterior, o Pr. Elias Brito Sobrinho foi lá com outros batistas e realizou um culto de oração. De joelhos, pediram pelo triunfo do evangelho na “capital da esperança”, como JK a chamou. Seu valor é histórico, difícil de avaliar financeiramente. Mas deve ter custado pouco.
EU VI A CRUZ! Erguida no alto de um monte. Tosca. Rude. Mal feita. Não era artística. Nem uma jóia. Estava suja de sangue. Nenhuma luz brilhava sobre ela para enfeitá-la. Pelo contrário. Havia trevas, pois o sol se escondeu. Talvez com vergonha da brutalidade dos homens. Esta cruz não provocava admiração por sua beleza. Não tinha nenhuma. Nela um homem sangrava. Agonizava, com marcas de espancamento. Tinha uma coroa de espinhos cravada na cabeça, de onde o sangue escorria e o cegava. Era a cruz de Jesus Cristo. Não tinha preço. Todo o ouro do mundo não podia pagá-la. Era a cruz da redenção da humanidade. Era a minha cruz. A sua cruz. A nossa cruz.
De alguém fascinado pela cruz, e rendido ao Crucificado,
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
(Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 29.5.11)