Forte Como um Jumento, Mas ...

Issacar � jumento de ossos fortes, de repouso entre os rebanhos de ovelhas.

Viu ele que o descanso era bom e que a terra era deliciosa, baixou os ombros � carga e sujeitou-se ao trabalho servil.

 

G�nesis 49:14-15

� uma descri��o curiosa que um pai faz do seu filho mas que pode nos ajudar. Forte como um jumento mas ... No cap�tulo 49 do G�nesis n�s temos um dos momentos mais dram�ticos do livro, o patriarca Jac� est� morrendo, agrega seus filhos ao redor de si e profere uma ben��o para cada um deles, a mais rica para Jud�. Cada um desses filhos originaria uma tribo, s�o onze filhos e dois netos, estes trezes originariam as treze tribos que foram organizadas juridicamente como doze. Cada filho e cada neto recebe uma caracter�stica que � um tra�o do car�ter dessa pessoa e vai depois tamb�m ser um tra�o da tribo. A caracter�stica de Issacar � curiosa, � um jumento de ossos fortes, talvez fosse o mais forte dos filhos. Como se diz hoje, talvez fosse um desses guarda-roupas. A palavra hebraica para jumento � ramor, o animal de carga, aquele que carrega fardo, que nunca se queixa e s� se contenta em descansar. Issacar � um jumento de ossos fortes deitado entre dois cestos, entre dois fardos, cestas de cangalha, que era colocada uma de cada lado e o animal ent�o carregava o material. Mas este jumento forte viu que viver em paz era uma coisa boa e que a terra era f�rtil. Ent�o serviu de escravo aos cananeus para viver em paz. Todos eles tiveram de lutar com os cananeus para ter direito a terra, Issacar n�o, ele nunca dominou a terra, serviu aos cananeus como escravo para desfrutar da terra.

Quando lemos j� em Josu� a conquista das tribos se l�, uma tribo em tal lugar e os cananeus no meio, outra tribo e os cananeus no meio, com  Issacar os cananeus e Issacar no meio. Abdicou da promessa de que aquela terra era sua, n�o tomou posse e trocou a vit�ria pela comodidade, em outras palavras, esquentar a cabe�a para qu�? Eu me matar para qu�? A terra era boa, f�rtil, ele era o mais forte de todos, mas para n�o esquentar a cabe�a, n�o se aborrecer, preferiu trabalhar como escravo. Tinha direitos e os trocou pela comodidade. Forte como um jumento e, talvez, inteligente como um jumento.

N�o chamando ningu�m de jumento, porque seria uma indelicadeza, ser� que n�s n�o temos algum disc�pulo de Issacar no nosso meio nesta manh�? Gente que � semelhan�a de Issacar tem direitos espirituais mas troca por comodidade, que tem vigor, energia, recebeu de Deus a promessa que teria vit�ria mas a �ltima coisa que quer � se apoquentar com este neg�cio de igreja, de vida crist�, de espiritualidade. J� basta o que tenho, e se contenta com pouco. Issacar � jumento de ossos fortes, viu que o repouso era bom, baixou os ombros � carga e se sujeitou ao trabalho servil.

Esta curta biografia de Issacar nos mostra algumas verdades nesta manh� e precisamos prestar aten��o nelas porque pode suceder que algum de n�s esteja sucedendo como Issacar. Em qu�? Primeiro na falta de determina��o. Tinha direitos sobre terra, era s� desapossar como seus irm�os e sobrinhos fizeram mas acomodou-se, faltou-lhe determina��o. Mas isso n�o foi s� agora, em 931, quando morreu Salom�o, o reino unido foi dividido em dois, o norte chamou-se Israel e o sul chamou-se Jud�. O norte foi destru�do, desapareceu, o sul foi para o cativeiro e voltou. Quando o norte caiu, a primeira prov�ncia a perder a sua liberdade foi a de Issacar. Ou seja, n�o teve aus�ncia de determina��o s� no momento de tomar a terra, nunca teve. Foi a primeira prov�ncia e perder a liberdade e ser tomada por pag�os. Trocou a sua voca��o de grandeza por voca��o de escravid�o. Mas paremos um pouquinho para pensar se n�o h� muita gente assim e membro de igreja assim. N�o tem determina��o espiritual nenhuma, tamb�m n�o tem determina��o nenhuma na vida. J� viram aquelas pessoas que no dia 31 de dezembro faz uma lista de alvos para cumprir no ano novo e no dia 2 de janeiro j� � ano velho e n�o est� mais cumprindo nenhuma daquelas determina��es, que constantemente fazem planos que nunca d�o seq��ncia � eles, nunca cumprem os seus pr�prios votos e vivem numa seq��ncia de acomoda��o? Para qu�  viver em luta? Est� tudo t�o bom, vou deixar para l�. Me lembra uma m�sica do Chico Buarque, Deus dar� nega, e se Deus n�o der? Bem, a� � outra hist�ria. Vamos deixar para l�. Falta de determina��o, n�o tem alvos, n�o tem prop�sitos, tem direitos  mas n�o se preocupa com eles, poderia vencer mas se acomoda � situa��o, sonha pequeno, a vis�o � pequena, a vis�o � limitada � sua pr�pria concep��o pessoa, � sua pr�pria concep��o de vida na igreja. 

Lembro-me que quando assumi o pastorado da primeira igreja de Bauru, ainda est�vamos pagando a constru��o da igreja, um templo bonito, magn�fico, o pastor que o construiu faleceu no pastorado da igreja, foi um destes her�is que deixaram seu nome na hist�ria dos batistas. Quando a igreja come�ou a construir o templo, houve um problema, a igreja se dividiu, a maior parte dos membros saiu mas a igreja se determinou. O tesoureiro da igreja, Ariel Chaves disse que numa ocasi�o chegou para ele e disse: Pastor, por miseric�rdia, n�o fa�a mais estas despesas, n�s n�o temos mais recursos. Ariel disse assim: Pastor, ele olhou para mim, naquela cadeira de balan�o, velhinho e disse “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Juntei os pap�is e sa� dali com muita vergonha. O Pastor Henrique Cirilo Correia tinha vis�o, tinha determina��o. �s vezes n�s n�o temos nenhuma vis�o na obra de Deus e nem na nossa vida pessoal. Pessoas que marcam passo 5, 10, 15, 20 anos e chamam a essa marca��o de passo, essa estagna��o de desambi��o. N�o � desambi��o, � comodismo. Essa � a trag�dia de Issacar, forte como um jumento mas sem determina��o, e quanta gente � assim? N�o tem determina��o nenhuma na sua vida, come�a um curso que nunca acaba, entra num empreendimento que nunca termina, um relacionamento que nunca se desenrola, nada seu se completa, tudo para pelo meio, vai deixando pelo meio do caminho, perde a liberdade, perde a alegria, � forte como um jumento mas n�o tem determina��o.

N�o � apenas a falta de determina��o, se fosse s� isso j� seria triste, mas uma outra coisa em Issacar, os efeitos da pregui�a, viu que o descanso era bom. N�o viu que a terra era f�rtil e que ele tinha for�a, viu apenas que o descanso era bom. Preocupou-se muito mais com o descanso. Tinha a for�a de um jumento, a terra era f�rtil, mas o descanso era bom. Se lerem no antigo testamento a hist�ria dessas tribos de Israel, v�o ver que a tribo mais opaca � a de Issacar. Voc�s sabem quem foi o maior guerreiro de Issacar? Da tribo de Issacar? Lembram que na tribo de Benjamin haviam seiscentos homens canhotos que podiam lan�ar uma pedra num fio de cabelo a um tiro de pedra a quarenta metros. Esse era um tipo de pessoal para n�o arranjar briga. Ent�o a gente j� sabe que havia pelo menos seiscentos guerreiros na tribo de Benjamin treinados com a funda, mas sabem quem foi o maior guerreiro da tribo de Issacar? N�o lembram? O nome era D�bora. O maior guerreiro da tribo de Issacar foi uma mulher. Parece que os homens l� n�o eram muito animados. E a pregui�a � um pecado terr�vel. Eu acho que pregui�a e fofoca s�o duas das pragas das igrejas. Prov�rbios 22:13  adverte contra a pregui�a. J� viram que desculpa mais esfarrapada do pregui�oso.

Diz o pregui�oso: um le�o est� l� fora; serei morto no meio das ruas.

Voc� n�o vai trabalhar? Eu n�o! Tem um le�o solto l� na rua e se eu sair o le�o vai me engolir. Que desculpa de pregui�oso, n�o �? Tem um le�o l� fora. 

E a�, porisso Prov�rbios no cap�tulo 6, no vers�culo 6, faz uma advert�ncia:

Vai ter com a formiga, � pregui�oso, considera os seus caminhos e s� s�bio.

N�o tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio prepara o seu p�o, na sega ajunta o seu mantimento.
� pregui�oso, at� quando ficar�s deitado? Quando te levantar�s do teu sono?

Um pouco para dormir, um pouco para toscanejar, um pouco para encruzar os bra�os em repouso,

Como aquela hist�ria: hora de brincar, hora de brincar, hora de comer, hora de comer, hora de passear, hora de passear, hora de descansar, hora de descansar, hora de trabalhar, pernas para o ar que ningu�m � de ferro. N�s vivemos numa sociedade pregui�osa. Ah mas as pessoas trabalham muito. Mas � uma sociedade pregui�osa. Tudo � feito, compra-se comida feita, que se pode levar para o forno de microondas em pouco tempo. Compra-se roupa feita, antigamente leva-se tempo para fazer, hoje chega e se compra na hora. Tenho um primo que casou num s�bado trabalhou s�bado at� meio-dia, ele trabalhava na antiga Ducal, quando deu meio-dia ele foi escolher o terno que ia usar no casamento Tudo feito. Tem culto feito. Basta ligar a televis�o embora o senso est�tico talvez n�o seja dos melhores, tudo feito. Outro dia um colega me mandou um e-mail: acessei o site da sua igreja na internet, peguei dois serm�es seus e vou pregar no domingo que vem. Coisa boa. N�o d� mais muito trabalho. Tem tudo feito. Tem a vida crist� feita, algu�m faz para mim. Eu vou � igreja e a� tem uma pessoa que tem ora��o forte. Ela tem uma reza brava. O vodu evang�lico copiou isso do baixo espiritismo. Tem um irm�o l� que tem uma reza forte. Uma ora��o forte. Ent�o ele vai resolver os meus problemas. N�o, eu n�o preciso me preocupar com disciplina pessoal, ler B�blia, orar, pra que? A gente vai l�, tem a sexta-feira forte tem o culto forte e a gente vai receber uma carga. Parece que o culto � uma recarga de bateria e a� eu vou ter um pouco mais de energia por duas semanas a� ent�o vem a pregui�a. Pregui�a de vir � igreja. Amanh� vai estar todo mundo de p� para o trabalho, mas para a igreja n�o tem muito problema n�o. Pregui�a de leitura da B�blia, pregui�a para a ora��o, tudo feito, serm�o feito, vida crist� feita, algu�m faz isso por mim e ent�o n�o preciso me preocupar. Esta falta de disciplina tamb�m � respons�vel por muita queda espiritual, pregui�a espiritual, falta de energia para as coisas espirituais. Bo evangelho de Mateus 26:40-41

Depois voltou e encontrou os tr�s disc�pulos dormindo. Ent�o disse a Pedro:

- Ser� que voc�s n�o podem vigiar comigo nem ao menos uma hora? Vigiem e orem para que n�o sejam tentados. O esp�rito est� pronto para resistir � tenta��o, mas o corpo � fraco.

Pedro tinha energia para desancar os outros, tinha energia para puxar a espada e arrancar a orelha dos outros mas uma hora de ora��o era muito e Pedro foi dormir. N�o � assim? Energia para um jogo de futebol, energia para isso e para aquilo. Igreja? Estou cansado. Cultivo de vida crist�? Estou cansado. Realidades espirituais? Estou muito cansado. Como tem gente cansada. Falta de determina��o, pregui�a. Forte como um jumento mas sem determina��o. Forte como um jumento mas pregui�oso. 

E a �ltima tristeza de Issacar – forte como jumento mas sem consci�ncia de sua voca��o, sem consci�ncia de grandeza. Ele n�o era um qualquer, ele era filho de Jac�. Seu pai recebera promessas especiais de Deus. Seu av�, Isaque, recebera promessas especiais de Deus. Seu bisav�, Abra�o, recebera promessas especiais de Deus. Ele era a quarta gera��o, a quatro gera��es Deus vinha fazendo essas promessas � sua fam�lia. Era vocacionado para a grandeza mas ele optou pela mediocridade. A voca��o dele era possuir aquela terra e e ele optou por ser escravo. Isso tamb�m me impressiona. Como � que n�s dizemos certas coisas, fazemos declara��es de f�, cantamos certas verdades mas agimos sem nenhuma consci�ncia de nossa grandeza. 

H� uma hist�ria muito engra�ada que o ex-frei Leonardo Boff pegou e acabou transformando num livro, ele � muito pr�digo, conseguiu transformar uma hist�ria num livro, � a hist�ria de uma �guia que foi criada como galinha, ela foi ferida e um ca�ador achou aquele filhotinho e levou para casa. Como n�o tinha um aguieiro colocou-a no galinheiro e a �guia foi criada desde filhote como se fosse um pintinho. Aprendeu a vida galin�cia, aprendeu a ciscar, a comer minhoca, e foi se adaptando. Achava um pouco estranho porque n�o conseguia cacarejar como uma galinha, mas achou que era uma galinha e foi se conformando � vida de galinha. Essa � a f�bula. Um dia passou um sujeito ali e viu que aquilo n�o era uma galinha e pergunto: o que voc� faz aqui? Ah, eu sou uma galinha. N�o, voc� � uma �guia. O seu tamanho, o seu porte, o seu bico, as suas garras, s�o de �guia, voc� � uma �guia. N�o, eu sou uma galinha. Voc� n�o foi feito para um galinheiro mas para as alturas. N�o, aqui est� bom. Mas �guia n�o vive disso, �guia n�o come minhoca, o seu lugar � l� nas montanhas. N�o, eu sou galinha. Voc� � uma �guia. Ent�o o sujeito se indignou, passou a m�o na galinha-�guia e, diz f�bula, levou-a para o alto de uma montanha e jogou-a l� do alto. A galinha ficou apavorada, porque a galinha d� aquele v�o curtinho, ainda tem gente que corta a asa da galinha, n�o sei porque, mas de repente, l� de dentro do seu instinto, que h� mil�nios vem com a sua esp�cie, ela descobriu que n�o era uma galinha mas uma �guia e em vez de cair como uma galinha cairia foi recuperar o seu instinto, a sua mem�ria herdada e come�ou a bater as asas, descobriu que voar era bom, come�ou a fazer c�rculos, bom para voc�s colocarem no dicion�rio, drapejou, e foi-se embora, reencontrou a sua grandeza. N�o era uma galinha, era uma �guia.

N�s n�o somos galinhas, n�o somo galin�ceos, como crist�os, como aqueles que conhecem o evangelho e a pessoa de Cristo n�s sabemos que temos promessas na B�blia, que devemos ter uma vis�o que nos descortine o horizonte, nos d� significado de vida, nos d� um senso de companheirismo, nos insira num grupo com projetos. N�s n�o podemos ter uma vis�o galin�cea, nos contentar em ciscar ch�o de galinheiro e ficar olhando para a minhoca, esperando que algu�m jogue milho para n�s. �guia n�o vive do que lhe d�o, ela sai, ela ca�a. A �guia n�o est� limitada aos confins de um galinheiro, seus horizontes s�o o espa�o infinito, ele voa, ela vai longe. � isso que nos falta. Lembram de Neemias? Ele viu os muros de Jeursal�m que estavam destru�dos por 90 anos e todo mundo dizia: � imposs�vel. Por 90 anos n�o se refizeram os muros. Em 52 dias Neemias conseguiu. E quando a press�o se tornou maior e disseram: Neemias, os inimigos vem sobre ti, � hora de fugir. Ele tem uma frase lapidar l� em Neemias 6:11, “um homem como eu fugiria?”. Ou seja, fugir? Eu? Eu n�o sou de fugir. E n�o fugiu. �s vezes nossas press�es, nossos inimigos s�o muito menores que os de Neemias e n�s entregamos os ponto. 

Agora vamos ao final da nossa hist�ria. Forte como um jumento mas pregui�oso. Forte como um jumento mas sem consci�ncia da sua voca��o. Precisamos lembrar de uma coisa. A vida n�o ser� diferente para n�s acidentalmente, as coisas n�o se tornar�o diferente � toa, n�s fazemos a nossa vida, n�s n�o somos v�timas de astros, de cores, do n�mero de letras de nosso nome, de cheiro, n�o somos produto do meio, isso � uma balela. O homem � um ser que tem potencial dentro de si para redirecionar a sua vida. A quest�o � determina��o. Eu vou ser melhor. Eu vou ser diferente. Eu n�o serei assim, eu quero mudar. � preciso acabar com a pregui�a profissional, com a pregui�a espiritual, com a pregui�a moral, aquilo nos deixa estagnado e nos impede de melhora. � preciso que n�s lembremos que n�o basta ter for�a nem promessas mas determina��o.

Eu encerraria com uma palavra que est� em Isa�as 26:3, “tu, Senhor conservar�s em paz aquele cujo prop�sito est� firme, porque ele confia em ti”. � ter prop�sitos, � ter alvos e determina��o. Se manter firme. Nesta manh� eu quero convid�-los a primeiro, como igreja, a formarmos um prop�sito de coes�o de grupo, n�s temos um compromisso neste bairro; segundo, a termos um prop�sito como pessoas, eu sou algu�m, n�o sou um z� beterraba,  n�o sou um z� ningu�m da silva, tenho promessas que Deus fez, tenho o Esp�rito Santo comigo. Eu posso ter uma vida melhor. “Tu Senhor conservar�s em paz aquele cujo prop�sito est� firma porque ele confia em ti”. Firmemos um prop�sito e que de n�s n�o se diga como Issacar, forte como um jumento mas ... n�o deu em nada.

 Mensagem – Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho – 16/07/2000 – Manh� – Igreja Batista do Cambu�

     

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Hor�rio dos Cultos: Domingo,  9:00 e 19:00 horas
Cultos de Ora��o - Ter�a, 14:30 horas e Quinta, 19:00 horas
Reuni�o dos Jovens - S�bado, 19:30 horas
Nos alegraremos com a sua presen�a. Que Deus o aben�oe!