A
s outras duas vieram de Lauro Menezes e Mauro Menezes. Ambas sem endereço. Devem ser irmãos, pois o tipo de envelope é o mesmo, a máquina é a mesma, o estilo de datilografia é o mesmo e a agência postal é a mesma. A de Lauro Menezes segue uma prática muito comum entre os crentes: por na boca dos outros palavras que eles não disseram. Ele me acusa de defender o estilo de roque na música evangélica. Basta ler o artigo e ver que não fiz isso. Acusa-me de defender a bateria em alto som nos cultos, o que não fiz também. Eu disse até que já me retirei de cultos por causa da música muito alta. Depois de torcer minha palavra, envia-me algumas "ofensas cristãs". A de Mauro Menezes segue um sarcasmo baixo. Quase no estilo da anônima. Cheguei a pensar: seriam os mesmos autores? Desafia-me a escrever-lhe, mas não dá endereço.Depois de 23 anos de ministério, já me acostumei com as pancadas. Acaba se desenvolvendo um couro de rinoceronte. E já me acostumei com os crentes. Neste tempo de ministério, nunca um incrédulo me faltou com o respeito por eu ser pastor ou por expender minhas idéias. Quanto aos crentes, já perdi as contas das vezes em que o fizeram. É triste, mas real: muitos pastores sofrem mais nas mãos dos crentes do que nas mãos dos incrédulos.
Mesmo assim me impressiono com isso. Como pessoas que se dizem controladas pelo Espírito Santo podem usar desses expedientes? Como, em nome de Cristo, se ofende, se calunia, se difama? Choca-me ver que a defesa de pontos de vista é feita, por alguns, numa atitude de jaguncismo intelectual. Um crente não pode ser um jagunço.
Escrevi um artigo sobre apresentação de crianças, que a "Administração Eclesiástica" publicou. Um diácono de S. Paulo escreveu à redação, discordando e levantando alguns pontos. Escrevi ao diácono que teve a gentileza de me telefonar e enviar uma carta se desculpando. Foi muito bom para nós dois. Ambos crescemos, eu mais que ele. Fiquei feliz em saber que há um diácono maduro assim. Feliz é o seu pastor. Como sou feliz com os meus diáconos, muito equilibrados e preocupados com o pastor. Espero, quando for a S. Paulo, conhecer este irmão e orar com ele. Também gostaria, se um dia for a Niterói, de conhecer os Menezes. Poderemos orar juntos, uns pelos outros e crescer juntos. Poderemos nos ver como irmãos em Cristo e não como inimigos. Gostaria de receber carta do irmão que não assinou os termos pouco cristãos. Sem repreensões, poderíamos conversar e orar um pelo outro. Não há necessidade de difamação nem de expedientes escusos.
Deixo, respeitosamente, algumas sugestões para os que querem emitir sua discordância dos outros crentes. Talvez nos ajude a viver bem. Tenho procurado segui-las. Invoco "Igrejismo ou Cristianismo?" para ser examinado e verificar se não tentei fazer assim. Posso falhar, mas me esforço para cumprir isso.
1o) Respeite a pessoa de quem você discorda. É um crente no Senhor Jesus, filho do mesmo Pai, seu irmão na fé. Não é menos salvo que você. Mesmo que fosse um perdido, mereceria respeito.2o) Cuide bem de suas palavras."Toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar contas no dia do juízo" (Mt 12.36).3o) Seja honesto. Não torça as palavras do outro. Não lhe atribua declarações que ele não fez.4o) Não seja desleal. Cartas anônimas ou sem endereços não são expedientes elogiáveis. Crentes não agem assim. São transparentes.5o) Procure edificar. Não aja mundamente buscando destruir a reputação dos outros. Não tente aniquilar o próximo. Tiago 3 é uma advertência muito séria sobre a língua.6o) Tendo convicção de que você está certo e outro, errado, exponha seus argumentos. Busque convencê-lo. Ofendê-lo não é prática correta. Uma boa causa pode ser perdida por um mau defensor.7o) Ore e pergunte a Deus se o que você está escrevendo é agradável aos olhos dele. "A boca do justo profere sabedoria" (Sl 37.30).
Quanto ao mais, sem ironia e sem querer parecer magnânimo ou um supercrente, peço a Deus que abençoe o irmão anônimo e os Menezes. Que juntos sirvamos a Deus com inteireza de coração. E espero que Niterói me seja mais condescendente no futuro.
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho