Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 21.10.12
Na comemoração do dia das crianças num shopping, no Rio, duas mães brigaram por que “era a vez de seu filho”, num brinquedo. Os maridos intervieram, trocando socos, como arruaceiros, mostrando-se aos filhos como animais. Um deles, policial, usou a arma de serviço para atirar no outro. A festa quase termina em tragédia por falta de compostura de quatro adultos. Que exemplo lamentável!
Uma mãe disse, após trocar puxões de cabelos com outra mãe: “Sou uma leoa em defesa de meus filhos!”. Que frase infeliz! Ela deveria ser “uma mãe zelando pelos filhos”, que seria bem melhor. A leoa é um animal irracional e sanguinário. Mãe é palavra honrada. Uma mãe não só cuida. Educa, dá valores, ensina a pedir desculpas e a hora de se retrair. Mas muitos pais não têm rumo na educação de filhos. Um pastor disse que na cantina de sua igreja os adolescentes ocupavam as cadeiras, após o culto, e idosos e senhoras grávidas tinham que lanchar em pé. Bem, não tenho essa queixa.
Havia coisas que se aprendiam em casa. As quatro expressões que são um curso de Relações Humanas: “Por favor”, “Obrigado”, “Com licença” e “Desculpe-me”. Aprendia-se a falar sem termos chulos, e com respeito. Quando alguém se levantava punha a cadeira no lugar. O lar ministrava princípios de bons relacionamentos. Pais que se estapeiam em shoppings são fracassados.
Estamos formando uma geração grosseira, ignorante das regras de educação. Gente sem finesse, que ouve música em alto volume, sem se preocupar se é inconveniente ou não, que ignora qualquer regra de polimento social. Pais grosseiros formatam filhos grosseiros. O mundo está se tornando um lugar de gente xucra.
Fico feliz com as crianças de minha igreja. Seus pais acertaram na sua criação. Todo domingo elas fazem aquela agradável anarquia no meu gabinete. É a hora do “bombons” (em Macapá, a bala doce é plural; em Manaus é singular). Fingem que vão furar a fila, para ver minha reação, riem quando eu ameaço comer o fígado de quem jogar papel no chão, ameaçam pegar mais de uma bala (só de folia), mas mostram respeito. Aprenderam que a prioridade é das menores e aguardam sua vez. Algumas jogam o papel no cesto de lixo do gabinete e outras colocam no bolso. Ou seja: é possível ter crianças educadas. É confortador a um pastor ver adolescentes lhe pedirem livros emprestados e o procurarem para receber orientação em algumas áreas da vida.
Os pais e avós da Central de Macapá têm uma responsabilidade enorme. Têm filhos e netos educados que devem continuar com bons exemplos. Não temos direito de escandalizá-los. Jesus disse isso: “Qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar” (Mt 18.6). Continuemos educando nossas crianças!