Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central, 10 de março de 2013
Só soube do cantor Chorão após sua morte. Não é esnobação. É que seu estilo musical não é meu preferido. Não ouço rádio nem vejo programas musicais. Assim, soube dele pela sua morte. Sua ex-esposa disse: “As drogas venceram”. Não emito opinião. Apenas registro o dito por alguém próximo a ele.
As drogas têm vencido. No artigo “Drogas, liderança trágica”, publicado no Estadão, Di Franco disse que “pelo menos 2,8 milhões de pessoas no Brasil usaram cocaína de forma inalada ou fumada – via consumo de crack ou de oxi – nos últimos 12 meses”. O Brasil só perde para os Estados Unidos em consumo de cocaína. Fica à frente de toda a Ásia.
Não é só a cocaína. O país é hoje um imenso boteco. Como se bebe! Nas imediações da igreja há três bares. Às vezes, quando chego ao culto de oração sábado, antes das 6 da manhã, dois deles ainda têm fregueses. Como ficam garrafas e latas nas imediações do templo! O número de mortes no trânsito pelo uso de bebidas alcoólicas é assustador. Gera comentários e ações episódicas logo esquecidas.
O ex-presidente FHC pediu a legalização das drogas. Alegou que estamos perdendo a batalha contra elas. Ora, Dr. FCH, por analogia, legalizemos o crime! Dona Martha e o Sr. Minc participaram de marcha pela descriminalização da maconha. É a liberdade da pessoa em fazer o que quer. Mas e a violência que as drogas trazem? E os recursos médicos gastos com seus usuários, num país de saúde pública lamentável? Campanhas como “Beba com moderação!” e “Drogas? Tô fora!” não resolvem.
A questão que ninguém foca: por que as pessoas se drogam e bebem? Não sou expert no assunto, mas, como pastor, lido com pessoas que foram viciadas e ajudo algumas que tentam deixar de ser. Notei algumas causas: porque são vazias. Porque não têm paz interior. Não têm rumo na vida. Não têm propósitos. Não foram educadas na mordomia da vida e do corpo. Porque vivem no clima de “liberou geral”. É o império dos sentidos.
As igrejas evangélicas têm autoridade em matéria de abandono de vícios. Combatem-nos há décadas e educam os fiéis a evitarem. Nenhuma instituição recuperou mais viciados que elas. Nenhum programa governamental as iguala. Mas, no espírito “evangelicófobo” que medra no país, elas são “retrógradas”. Como se opõem ao desmanche da moralidade (chamada de “falso moralismo”, no dialeto “intelectualês”), elas são combatidas.
As autoridades públicas precisam descer do pedestal e verem as igrejas como aliadas por uma vida digna e honrada do ser humano. Há igrejas pouco éticas no trato com dinheiro, mas não se pode colocar todas no mesmo balaio. Elas têm uma mensagem que restaura e livra dos vícios. Ao invés de as apedrejarem, vejam-nas como parceiras. Porque as drogas e as bebidas seguirão devastadoras.
Temos o que dizer sobre o bom uso da vida. Um pouco de respeito faria bem.