Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 7 de abril de 2013
Meus parentes pensarão que se trata do primo Albertino Werdan Coelho. Mas não é. Nem Meacir. Ela torcia pelo Botafogo de Gerson, Jairzinho, Roberto, Paulo César, Carlos Roberto, Zequinha. Depois vieram Cremilson e Puruca. Aí não deu. Como o marido, ela se bandeou para o Santos, que teve Totonho e Toinzinho (atacantes, não cantores sertanejos, creiam), mas é o time recordista de gols, segundo a FIFA. Aliás, tivemos um gato chamado Jairzinho. Depois os gatos se sofisticaram: Platão, Schleiemacher, Kierkegaard, etc. Mas voltemos ao Botafogo…
Quando era Presidente, FHC passou uma temporada com D. Ruth na praia da Barra de São Miguel (AL). O casal ficou na casa de Elias Vilela, irmão do senador Teotônio Vilela. Certa manhã, quando contemplava a praia à sua frente, viu um movimento na casa do vizinho. Era Marcelo Lavenère Machado, ex-presidente nacional da OAB, com os filhos e netos perfilados para hastear a bandeira e cantar o hino do Botafogo. FHC ficou impressionado:
“– Na minha vida, raramente vi tanto fervor em execuções do Hino Nacional”.
FHC não viu nada. Homem culto, egresso da Sorbone, na França, ele precisava fazer um estudo sociológico do povo evangélico em geral e dos batistas em particular. Ficaria mais impressionado. Eu, que nem de longe tenho sua erudição, me impressiono! Imagino ele, sociólogo, pensador, poliglota, homem viajado!
São crentes que dizem amar a Jesus, mas vibram mais com seu time de futebol (dão-lhe inclusive os domingos) que com o Salvador. Alguns têm mais entusiasmo pela política que pelo evangelho. Gente que nunca distribuiu um folheto evangelístico na vida, e tem vergonha de fazê-lo, distribui panfletos de seu candidato. Gente que diz crer que só Jesus salva e que o mundo precisa ouvir o evangelho, mas não contribui para missões. Passa horas seguidas diante do computador, em banalidades, mas não tem o mesmo entusiasmo para uma hora e meia de culto. Tem tempo para filmes, Big Brother, Faustão, mas nem um pouquinho só para ler a Bíblia.
Impressiona-me, Dr. FHC, gente que diz que a Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada, mas que a interpreta à luz de ensinos humanos. O senhor acredita que li a alegria de um teólogo com uma “leitura pós-moderna das Escrituras”? Tinham feito uma “leitura moderna”. A modernidade passou, veio a pós-modernidade. Tiveram que reinterpretar. Amanhã surgirá nova moda intelectual, e os teólogos de plantão farão outra releitura.
Há mais, Dr. Fernando. Gente em nossas igrejas que sabe músicas inteiras de cantores anticristãos e suas músicas anticristãs, mas que não sabe versículos bíblicos de cor. Estranho, o senhor não acha?
Dr. FHC, o espantoso não são os botafoguenses. É gente que diz ser de Jesus, mas parece torcer pelo Inimigo.