Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 9 de junho de 2013.
A igreja é fascinante. Ela difere de qualquer outra organização, por causa de seus fundamentos teológicos. Ela é “a única instituição do mundo que existe em favor dos que não são seus membros” (William Temple). Seu grande valor não é ela, mas seu Dono e as pessoas a quem ela se dirige. É o seu diferencial. A igreja que vive em função de si mesma perdeu sua substância. Aspectos culturais e sociológicos se sobrepuseram à teologia e a diminuíram. Um exemplo é a distorção chamada koinonite, que leva algumas a viverem em função de seus membros: “Você traz bolinho e eu trago chá”. Elas vivem em função de comunhão. Ensimesmam-se.
A igreja nasceu na eternidade, na mente de Deus: “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo” (Ef 1.4). Entrou no tempo na pessoa de Jesus. Segue na história dirigida pelo Espírito Santo que lhe veio no dia de Pentecostes. Findos a história e o tempo, ela entrará na eternidade. Na eternidade haverá Deus e haverá salvos. Então haverá igreja. Nascida na eternidade, ela entrará na eternidade.
Há grupos sociais com rótulo de igreja: Igreja do Fogo Constante, Igreja Florzinha de Jesus, Igreja Jesus Vem e Você Fica, Igreja A Serpente de Moisés A Que Engoliu As Outras, Igreja Renovada do Povo Barulhento, etc. São estruturados sobre um líder humano, com uma visão parcial do evangelho. Ignoram a teologia, a história do cristianismo e pensam que o Reino de Deus começou com elas, como se nada houvesse antes. Com visão bíblica fragmentária e exegese precária, analisam a Revelação à luz de um insight humano. Por vezes, o eixo de sua interpretação é uma passagem bíblica fora do contexto. Muitas veem a razão (dom que Deus deu somente aos humanos) como inimiga da fé. Refugiam-se num misticismo alienante e se tornam guetos religiosos.
Mas igreja é mais que isso. É ter visão do todo. Porque igreja é gente que conheceu a graça de Deus em Jesus, creu nele, comprometeu-se com ele, espera nele. É “gente de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Ela transcende épocas, lugares e culturas.
A igreja local deve ser amada e servida. Dezenas de passagens no Novo Testamento (que está sendo esquecido!) ensinam isso. Gente que diz que é de Jesus, mas não gosta de igreja não sabe o que diz. Exagera-se, pondo-se acima dos demais. Mas, como se diz: não está com essa bola toda. E terá que conviver com a igreja no céu. O que dirá?
A igreja local não precisa de apedrejadores, mas de amantes. De servidores. De gente com uma autoimagem menos exagerada que se veja como é: pecadores salvos para servir a Deus e aos demais. Que sejam servos e não estrelas. Vida cristã é operariado, não turismo.
Ser igreja é fantástico. É ser de Jesus, ter rumo na vida e comprometer-se com Deus num projeto histórico. Seja igreja!