Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 3.4.11
Neste semestre estou a ler a Bíblia na versão chamada Bíblia de Jerusalém. Gostei de Jeremias 18.15, assim traduzido : “Meu povo, contudo, esqueceu-se de mim! Eles oferecem incenso ao Nada…”. Judá estava cultuando o Nada, porque adorava a ídolos e todo culto que não seja ao Deus revelado nas Escrituras é culto ao Nada. Disse Paulo: “… o ídolo nada é no mundo…” (1Co 8.4). Há quem adora ao Nada porque adora deuses que fez para si.
Há muito culto ao Nada. São cultos centrados no homem. Visam levar as pessoas a se sentirem bem e serem estimuladas, recarregarem as baterias para mais uma semana de luta, etc. O homem é o foco do culto. Poucas coisas são tão sem nexo como “culto jovem”. Que é isto se não a declaração de que as pessoas são mais importantes no culto que o Cultuado? A ênfase hoje é no “adorador”. Por que não no Adorado? Porque as pessoas são mais importantes que Ele, porque o culto é programado para elas, porque a preocupação é atraí-las. A preocupação deve ser com a glória de Deus (confundida com barulho e mantras repetidos à exaustão). A glória de Deus se manifesta em vidas transformadas pelo evangelho de Jesus.
O alvo de muitos cultos não é a santidade de Deus, mas a felicidade do homem. São cultos antropocêntricos (o homem no centro), e não teocêntricos (Deus no centro). Culto ao Nada, porque voltado para o homem. Ouvi uma senhora dizer a outra, no mercado: “Não gostei do culto ontem”. O culto é para nos agradar ou para agradar a Deus? O prumo de um culto não é a estética do adorador, e sim a proclamação de “Que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação” (2Co 5.19).
Alguns se autodenominam “geração de adoradores”. Não. É uma geração de consumidores espirituais, que assimilou a filosofia de prazer do mundo, entronizando-se em sua vida. Tudo é ao seu gosto. Até o culto. Até Deus. Dirigi um estudo bíblico, num grupo de profissionais liberais, e alguém disse: “Gosto de pensar em Deus assim, ó…”, e nos brindou com uma série de banalidades espirituais. Disse-lhe que era irrelevante como ela gostava de pensar em Deus. O relevante era como Deus se manifestara na história, na Bíblia e em Jesus. Ela não podia moldar Deus ao seu gosto.
Quando somos o foco do culto cultuamos ao Nada. Pessoalmente detesto barulho. Não vejo como espiritualidade, e sim mau gosto. Mas há quem avalie o culto pelos decibéis. Mas não torne seu gosto em padrão. Como eu não torno meu gosto em padrão para os apreciadores da barulhada.
Quem cultuamos? Deus ou nós? Que procuramos no culto? Conhecer mais de Deus e da Bíblia ou sentir-nos bem, com o ego massageado? Cuidado para não cultuarmos o Nada!