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Carregando a Cruz à Força Obrigaram Simão Cireneu a carregar a cruz. Carregando a cruz à força. Quero falar particularmente aos filhos de crentes nesta noite, adolescente e moços, porque muitos deles são a Segunda geração de evangélicos na sua família, alguns talvez a terceira. Na minha família, na minha linha, eu sou o primeiro, mas meus filhos já são a quarta, porque a minha esposa é neta de pastor, e é verdade que quando se é a primeira geração a experiência de conversão é muito mais viva do que para alguém que foi criado no evangelho. Posso dizer que houve um dia, mês e ano, e um determinado momento, que a minha vida mudou. Entendi o evangelho, vi que estava caminhando para o lado errado, abraçei o evangelho e coloquei nele a minha vida. Mas quem é como a minha esposa, neta de missionário pioneiro no Brasil, que nasceu literalmente na igreja, porque a igreja era na casa do seu avô, embora seja realmente convertido talvez não possa precisar quando foi que tomou esta decisão. Pode até suceder que tenhamos aqui algum filho de crente que esteja como Simão Cireneu, carregando a cruz à força, e muitas vezes pensando: por que meus pais me meteram nesta trapalhada de igreja? Eu poderia estar lá fora numa boa. Por que é que eu tenho que ser diferente de todo mundo? O primeiro evangélico que eu conheci, quando estudava numa escola no Rio de Janeirom no bairro de Inhaúma, onde fui criado, foi um garoto chamado Paulo Roberto. A escola era enorme, tinha mais de mil alunos e ele era o único evangélico. Eu nem sabia o que era isso, os evangélicos eram bem poucos e eu ficava olhando para ele porque quando chegava nas aulas de religião ele era dispensado de participar e eu ficava admirando como aquele garoto ousava ser diferente, tinha coragem, mas muitos tem vergonha. Tem vergonha de que os pais o colocaram nessa embrulhada e no Domingo são trazidos para igreja. Já pensou? No Domingo descem o elevador com a Bíblia na mão, todo mundo olhando, ou vem no ônibus para a igreja e todo mundo olhando. Puseram a cruz nos seus ombros. Se acostumaram com isso. Aqui está Simão Cireneu, ele teve esta experiência. A cruz foi posta nos ombros dele, ele não tinha nada a ver com a história. Agora, parece que este homem é muito conhecido, por uma razão, os três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) narram o episório. Parece então que Simão Cireneu se tornou muito conhecido da igreja a ponto dos três evangelhistas sinóticos guardarem o seu nome. Há mais uma referência a ele à frente e há referência a ele na história da igreja, então se entende o que acn\onteceu com ele. Eu me lembro da palavra de Jesus: se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz, um ato voluntário. Lá vem o coitado do Cireneu do campo, vem aquela enxurrada de gente saindo da cidade para o campo, e ele vem do campo, passou a noite trabalhando e tudo o que quer é uma cama e aí colocam uma cruz no ombro dele e dizem: leva, volta para fora, carrega a cruz, e lá vai ele. Talvez a experiência de carregar a cruz à força esteja presenta aqui em algum coração, um filho que tenha vergonha da fé que os pais abraçaram e lhe transmitiram e que na realidade se sinta constrangido na escola, no colégio, na universidade de dizer que é evangélico e filho de crente. Eu queria mostrar na experiência de Simão só dois aspectos e gostaria que estes dois aspectos fossem trazidos para a sua experiência. Primeiro: a obrigação de carregar a cruz; segundo: a realização por carregar a cruz. Vamos juntar as informações que temos sobre Simão. Observando a questão da obrigação de carregar a cruz descobrimos que os soldados o forçaram a carregar a cruz. O texto grego diz que por ali passava. Vou dar uma explicação e acho que já se acostumaram, não é uma explicação para parecer erudito porque não o sou, por ali passava ou que ali passava é uma expressã grega, paragonta, que Marcos usa duas vezes apenas. Em 1:16, queiram me acompanhar ao texto Onde a minha versão traz "caminhando", nós temos paragonta, a mesma palavra traduzida lá por "que ali passava". O segundo uso da expressão em Marcos está em 2:23 Ao passarem é a palavra paragonta, traduzida em três lugares de três maneiras diferentes, mas vamos prestar atenção em Marcos 1:16 e 2:23 e vamos descobrir o seguinte, as duas vezes que a expressão aparece ela está associada com discipulado, com os discípulos e a terceira vez que ela aparece enão está associada a um discípulo mas a um incauto, um coitado que passava por ali e puseram sobre ele a cruz. Mas Marcos é brilhante no seu evangelho, o evangelho de Marcos é tido como uma obra prima do ponto de vista da estrutura literária. Nós pensamos nesses homens como beduínos fanáticos, como homens ignorantes, esses homens eram gênios literários, dois mil anos depois estamos aqui estudando um livro que eles escreveram. Imagine se daqui a cem anos alguém vai ler Paulo Coelho, quem é que lê Neimar de Barros que nos anos 70 fez furor com um tal de Deus Negro. Os escritores somem, estes escritores bíblicos eram geniais. Então o uso que Marcos faz do termo não é acidental. Simão Cireneu vai ser um discípulo como o termo está associado com discípulos lá atrás. Outra coisa mais. Na estrutura de Marcos o primeiro homem que Jesus chamou para seguí-lo se chamava Simão, Simão Pedro, e este fugiu da cruz, seguiu de longe para ver o que ia acontecer, ficou lá no foguinho esquentando a mão e depois disse: eu não conheço, eu nunca vi tal homem. O primeiro discípulo é um Simão e ele falha, foi um voluntário, ouviu e foi, espontâneamente, o último discípulo, no evangelho de Marcos é outro Simão mas este é obrigado. Mateus, ao narrar o episódio é muito preciso ao dizer que quando a massa saía levando Jesus para ser crucificado, ele estava entrando na cidade. Lucas diz que ele estava vindo do campo. Marcos também diz que ele vinha do campo. Provavelmente guardara o rebanho, ou talvez vigiasse a plantação, passou a noite toda acordado e esse episódio era de manhã cedo porque a crucificação começa as nove horas. O monte calvário tinha 900 metros e subí-lo carregando uma cruz levava um tempinho e ele podia dizer assim, muito bem, o que eu quero é dormir, agora passei a noite trabalhando, e desse homem, não tenho nada a ver com essa história. Segundo os comentaristas a cruz pesava 20 kg, é um pouco pesado, para colocar sobre os ombros é mais pesado ainda. Vinte quilos de algodão e de chumbo pesa igual só que a madeira machuca um pouco o ombro, e lá vai o coitado do Simão. Mas ele é chamado Cireneu, por que os evangelistas são tão precisos em colocar junto de Simão o termo Cireneu? Ele era de Cirene, no norte da África. Com toda a probabilidade ele era um negro, e com toda a probabilidade ele era um escravo. Tinha trabalhado como escravo. A África sempre foi predada e infelicitada e aqui temos uma coisa muito bonito. A África tem o seu primeiro encontro com Jesus Cristo. Pelos nomes dos filhos nós descobrimos que ele não era judeu, Alexandre e Rufo. Alexandre é um nome grego e Rufo um nome latino, ele não era judeu, ele era com toda a probabilidade um escravo. Em Atos 13:1 nós vamos encontrar este homem. Os comentaristas são unânimes em apontá-lo como sendo este vulto. O comentaristas associam Simão Níger, Simão o negro com Simão cireneu. O fato de ele ser negro indica que, com toda a probabilidade, era um escravo e por isso foi obrigado e a idéia do texto grego é que ele carregou a cruz sob ameaça, não queria, e não tinha nada a ver com aquilo, não era uma história para ele, não era para ele se envolver. Aqui nós voltamos ao filho de crente, puseram a cruz nas minhas costas sem me perguntar se eu queria. Fui levado para a igreja desde cedo. Vi tanto disso, tanto filho de crente que quando pode, quando alcançou a maioridade, desapareceu de igreja porque ela era um fardo para ele. O evangelho nunca foi algo que ele abraçou. Para muitas pessaas a fé cristã é um fardo e seguir a Cristo é um compromisso profundamente doloroso, não traz nenhuma alegria. É um momento desconfortável. Quanta queixa. As vezes é possível ver isso na igreja, está ali um moço, está sem uma Bíblia na mão, sem um hinário, está calado, está aqui porque os pais trouxeram mas na realidade gostariam de estar em outro lugar. Nós lemos que as mulheres vinham chorando e lamentando por Jesus. Há aquelas pessoas sensíveis, a quem a mensagem da cruz toca, a quem a figura do crucificado é muito carinhosa, a quem o lembrar todos os episódios da crucificação doi no coração e há aqueles que não gostariam de ter se envolvido com isto. Mas eu precisaria dizer a esses filhos de crentes, tanto adolesncentes como moços, que não vêem alegria na vida cristã e apra quem vir à igreja é algo só para agradar o pai, que não faz parte do seu coração, que não faz parte da vida, que está se perdendo uma das maiores bençãos que se pode ter, que é ser criado no evangelho. Lamento profundamente que minha infância e adolescência não foram ouvindo o evangelho. Ser criado ouvindo a mensagem do evangelho e ouvindo falar de Jesus é uma das coisas mais profundas que pode suceder a alguém. Me lembro quando era pastor em São Paulo, numa Segunda feira, conversando com um colega, em cuja casa passei, ele disse: eu tive uma experiência muito interessante ontem, batizei um ancião de 84 anos de idade e depois que ele saiu do batistério ele teve uma crise de choro e fiquei impressionado com o tanto que chorava. Fui perguntar a ele porque ele estava chorando. Ele disse: pastor, eu gastei 84 anos da minha vida em bobagem, agora conheci o sentido da vida, conheci a Jesus Cristo e o que é que eu tenho de tempo para dedicar a ele? Eu perdi a minha vida. Você tem toda a oportunidade de ganhar a vida inteira vivendo com Deus. Não de Ter uma cruz posta nos seus ombros à força mas à semelhança de Simão, essa cruz que foi posta sobre seus ombros, assumí-la como sua. Muitas vezes o lusco fusco do mundo, as luzes lá fora são brilhantes, atraem muito, são muito envolventes, a programação de um baile funk, progranação de um forró, a programação de uma turma da pesada é muito mais empolgante que uma homa e meia de chatice um culto na igreja. Ouvir aquele bla bla bla inconsequente de um pastor o tempo todo não tem muita alegria enquanto podemos curtir uma boa lá fora. Não conheço uma pessoa que teve um compromisso sério com Cristo e quando chegou ao fim da vida se sentiu frustrado. Vou fazer neste ano 29 anos de consagração ao ministério pastoral, o pastor Eliézer tem mais e creio que ele diria a mesma coisa, se o tempo voltasse mil vezes faria o mesmo caminho mil vezes. Porque a descoberta é que compartilhar a vida com um homem que carregou a cruz por nós é a experiência mais profunda que nós podemos ter. Se a cruz veio aos seus ombros ela não deve ser um fardo, ela veio por um desígnio de Deus. Simão cireneu é o primeiro africano a receber a mensagem da cruz, ele se torna uma benção na vida da igreja como vamos ver daqui a pouco e sua vida foi mudada porque ele não viu como um fardo mas como uma oportunidade. Ser criado no evangelho não é um fardo, é uma beção que Deus lhe dá e você nunca deveria perder, porisso quero mostrar a segunda idéia: a realização por carregar a cruz. Vimos lá em Atos 13:1 que ele reaparece, Simeão Níger, Simão o negro. Lúcio é denominado logo após ele como sendo de cirene o que provavelmente indica que ele é Simão, o homem de cirene.Agora, em Atos 13 este homem não está carregando a cruz.O que acontece com ele? Ele é um dos pastores da igreja cristão e é o homem que impõe as mãos sobre Paulo para enviá-lo ao campo missionário. O homem que um dia carregou a cruz à força agora é um dos pastores da igreja e é a ele e aos outros pastores que o espírito santo fala: separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado. Agora ele impõe as mãos sobre Saulo, empurra Saulo para ir ao mundo para ser uma benção. Ele assumiu a cruz. É muito interessante que o verbo que aparece em 15:21, a carregar-lhe a cruz é o mesmo verbo que aparece em 18:34, se alguém quer vir após mim tome a cruz. A cruz que ele teve de carregar ele acabou tomando, ele aceitou como sua, não era mais algo à força mas algo pelo qual passou a viver, foi algo que encheu a sua vida de significado. É como se ele estivesse dizendo: essa cruz que colocaram sobre os meus ombros, que me forçaram a carregar num ato de violência e de prepotência, por que sou negro, porque sou um escravo, essa cruz é minha, vou viver por ela e vou dedicar minha vida à cruz. Obrigaram a Simão cireneu que passava vindo do campo, pai de Alexandre e Rufo. Na Bíblia, normalmente as pessoas são conhecidas pelo seu pai, nunca um pai é conhecido pelos filhos. Temos aqui uma inversão, por que Marcos está fazendo questão de dizer que este homem era pai de Alexandre e Rufo. Se Marcos estivesse falando deles diria: Alexandre e Rufo, filhos de Simão cireneu, o que é lógico, mas ele diz: Simão cireneu, pai de Alexandre e Rufo. Como na gloriosa e estupenda que o pastor Benjamin fez de mim no dia em que preguei na Faculdade Teológica Batista de Campinas, vai pregar o pai da aluna Nélia, então agora eu sou conhecido como o pai da seminarista. Mas por que Marcos está dizendo pai de Alexandre e Rufo? Vamos a Romanos 16:13 Agora encontramos Rufo outra vez, lá em Romanos, quando Marcos escreveu, Rufo já era conhecido, porisso está dizendo que Simão era seu pai. Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e igualmente a sua mãe que também tem sido uma mãe para mim. Ele é chamado de eleito, escolhido. Policarpo, o bispo da igreja crsitão no início do segundo século, escrveu uma epístola aos Filipenses. Nessa epístola escrita à igreja de Filipos ele comenta à igreja sobre a morte de Rufo, pastor da igreja, que foi martirizado por causa da sua fé. O homem sobre cujos ombros colocaram uma cruz e obrigaram-no a carregar a força se torna um dos pastores da igreja. É o homem que impõe a mão sobre Saulo de Tarso para que ele seja o grande missionário que levou o cristianismo para fora das fronteiras judias, tem um filho Rufo que se torna pastor de uma igreja e se torna um mártir da igreja cristã. É como se ele dissesse: essa cruz que colocaram sobre mim e que me obrigaram a carregar é minha, eu a aceito como minha, vou viver por ela e vou pregá-la e essa cruz que puseram sobre meus ombros vou passá-la para meu filho. E em sendo um dos pastores da igreja primitiva, ao se tornar pastor Rufo estava dizendo: a cruz que colocaram à força sobre os ombros do meu pai, que ele tomou como sua, eu tomo como minha. Deixou de ser uma obrigação e paixou a ser uma paixão de família. Bendita a família que ama a cruz. Bendiata a família que pai e mãe olham para a cruz de Cristo e dizem: esta cruz é minha. Não carregando no peito, porque é fácil tê-la como jóia, mas no coração. Não como um penduricalho mas como algo que faz parte da vida e que pode dizer: eu morro por isso. O homem que carregou a cruz `força teve um filho que morreu pela cruz. Então a cruz não é fardo mas realização. Carregar a cruz de Cristo e ter a cruz na sua vida nunca deve ser visto como um peso estranho que foi trazido mas como algo que vale a pena viver e até mesmo morrer. Mas lembram da palavra de Paulo em Romanos 16:13, saudai a Rufo, eleito do Senhor, e a sua mãe que tem sido uma mãe para mim. O homem que carregou a cruz à força se tornou pastor da igreja, teve um filho que se tornou pastor da igreja e morreu pela sua fé e tinha uma esposa que se tornou uma espécie de mãe para o maior missionário da igreja. Bendita é a família onde a cruz entra e bendita é a família que cruz entra, que família abençoada. O homem que carregou a cruz à força é um pastor, a esposa deste homem se torna uma benção e acolhe Paulo, missionário itinerante, que a tinha como sua mãe. Paulo era judeu, orgulhoso, racista, arrogante, mas a sua mãe adotiva era uma africana Rufo, filho de Simão se torna também alguém que morre pelo cruz. Que benção para Simão! Dois filhos famosos no seio da igreja e uma esposa que era uma benção para o maior missionário da história da igreja e tudo começou porque a cruz foi posta sobre seus ombros à força. Se você está reclamando que seus pais puseram a cruz à força na sua vida pense em Simão cireneu, pense que voce pode ser uma benção para o mundo, pense que você pode construir um lar à sombra da cruz, pense que seu lar pode abençoar o mundo e que seus filhos podem ser homens que sejam uma benção para o mundo. Simão foi obrigado a carregar a cruz, todas as vezes que leio este texto fico pensando, sem pietismo inconsequente, eu gostaria de estar lá, eu carregaria esta cruz por ele, milhões de cristãos gostaria de carregar aquela cruz, para aliviar o sofrimento do salvador, o que aconteceu com Simão não foi maldição nem castigo, foi um privilégio. Ele foi um homem que pôde carregar a cruz do salvador. Se voce namora o mundo, se voce esta encantado com o mundo, saiba que lá fora há milhões de pessoas que estão perdendo a sua vida e que lá fora você vai perder o sentido da vida e que você vai descobrir o sentido da vida quando você tomas a cruz que seus pais abraçaram como uma cruz também para a sua vida, quando entender que Jesus Cristo não é uma herança genética, uma biologia espiritual mas que Jesus precisa ser e quando ele for seu, e quando a cruz for sua, e carregar a cruz for uma alegri e não um fardo. Não reclame, a cruz não é para seus pais, é para você. O crucificado não é uma mensagem para os seus pais. Deus tem filho, mas não tem neto nem bisneto, é preciso que cada um decida aceita a cruz e se comprometer com Cristo. Nesta noite quero falar aos filhos de crentes, olhem para Simão cireneu, se a cruz lhe é incômoda olhem para este homem , torne-se uma benção em sua vida, ela abençoará você e você abençoará o mundo. |
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