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Júlio Verne

Uma Incursão Indevida

  • por

Isaltino Gomes Coelho Filho

Leio livros simultaneamente. Por vezes, detenho-me mais em um que em outro. Assim lia “A maldição do Cristo genérico”, de Peterson, “As novas passagens masculinas”, de Sheey, e “Paris no século XX”, de Júlio Verne. Este é um romance de Verne, escrito no século XIX, recusado por seu editor. Meacir e eu lêramos uma ficção sobre Santos Dumont, em que uma possível amizade entre ele e Júlio Verne é relatada, e cita-se esta obra rejeitada. Por isto ela comprou o livro, leu-o, e eu, na sua esteira, também o li.

O editor de Verne considerou a obra fraca, e suas cartas dizendo isto ao escritor são transcritas no livro. Não sou um literato, mas creio que fugiu um detalhe ao editor: a visão futurâmica e as descrições de máquinas que seriam inventadas, comuns em Verne, não são o forte na obra, mas sim sua análise dos personagens. Sempre genial, o francês antecipou seu tempo. Fez uma análise psicológica de pessoas numa sociedade tecnológica, mostrando principalmente a situação do adolescente Michel, um intelectual, que gosta de literatura e poesia, numa sociedade em que estas foram banidas e se privilegiava a técnica e a mecânica.

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